Discreta, ela atravessa a rua em linha reta.
Todos os dias a vejo passar no mesmo horário.
O vestido ligeiramente comprido,
cintura no lugar, bolsa na mão.
No pescoço, o cordão e o escapulário.
Ela não olha para os lados.
Para quê?
Mulheres são indecentes, homens safados.
O melhor é fingir que não se vê.
E os camelôs e suas barracas ilegais?
Ela arrisca um olho
seduzida pelo barulho colorido,
mas logo se arrepende e não olha mais:
seu recato não permite resvalar o proibido.
Ontem, a moça do vestido verde deu um encontrão
no rapaz de bigodinho, pasta, perfume, colarinho;
o conteúdo da bolsa espalhou-se pelo chão.
Constrangido, ele ajudou a moça do vestido,
pediu desculpas, beijou-lhe a mão.
Hoje, eu a vejo passar na hora certa.
A bolsa, a cintura no lugar, a postura ereta.
Ela pára, olha para os lados, retoca-se no espelho.
A moça segue radiante. O vestido é vermelho.
4 comentários:
Oi Flora, é assim mesmo conforme vc descreveu. Nosso blog se torna um diário e tudo que gostamos queremos ver registrados aqui. E quem ganha são nossos visitantes que como eu nas minhas viagem virtuais encontrei vc pelo caminho.
Parabéns, seu espaço está admirável, estou já te seguindo e convido vc a me visitar, gostando convido a ficar, tá bom ?
Beijos,
flor de cristal{LB} .
olá flor de cristal{LB}, esse não é um blog da poeta Flora Figueiredo, somos 3 autoras, que durante um momento do blog, postamos alguns poemas e trechos de outros autores.
Uau!! não me lembrava desse poema, ele é lindo!!!!!!!!!
Olá.
Nao quero encomodar,achei blog show,queria pedir se tem como seguir meu blog
http://aprendizpoetaabnerl.blogspot.com.br/2013/06/princesa.html
Se poder divulgar comentar Ficaria Grato !
Obrigado
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